segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Mandela e as revisões da História

Alguém em sã consciência ousaria questionar o legado político do líder sul-africano Nelson Mandela? Símbolo da luta contra o apartheid, Mandela, morto em 2013 é reverenciado mundialmente. Mas dentro do próprio país, Madiba já não é mais unanimidade.

A matéria de domingo do jornal O Globo (18/12/2016), destaca os conflitos sociais e étnicos na África do Sul. Oficialmente o apartheid foi extinto no país na década de 1990, mas ainda permanece a segregação entre os brancos e negros.

Mandela: mito contestado em seu próprio país 

Segundo a escritora e feminista Malaika wa Azania "para a geração mais velha Mandela significa um símbolo de liberdade". Porém para os mais jovens, Madiba "representa um arquiteto do mito da nação arco-íris que contrasta com o racismo, uma realidade ainda viva na África do Sul”.

É essa geração que protesta contra o sistema político e entra em choque com a polícia nas ruas. Que deseja a descolonização do ensino e almeja mais avanços sociais. "De forma mais ampla, os manifestantes cobram as oportunidades prometidas com a queda do regime dominado pela minoria branca. E colocam em xeque o legado de Mandela, exibindo um retrato ainda em preto e branco do país" - escreveu a jornalista Carolina Jardim.

Essa é a escrita da História e dos seus personagens. São necessidades e problemáticas do presente ou de uma geração, que determinam as cores das narrativas. Assim, Fidel pode ser herói ou vilão; os militares "salvadores da pátria" ou ditadores mortais; Getúlio "pai dos pobres" ou "mãe dos ricos"; Lula estadista ou grande demagogo; Dilma vítima de impeachment constitucional ou de golpe político.

Vale refletir sobre isso sempre...

sábado, 26 de novembro de 2016

Fidel Castro - herói ou vilão?

Morreu na noite de sexta-feira, dia 25 de novembro, Fidel Alejandro Castro Luz. Personagem controverso da história contemporânea, Fidel chegou ao poder em Cuba em 1959, no auge da Guerra Fria e ali se manteve apesar de todos os reveses que enfrentou.

Lutou contra o embargo promovido pelos EUA à ilha. Repeliu com êxito a tentativa de invasão patrocinada pelos Estados Unidos através da Baía dos Porcos em 1961. No ano seguinte, Cuba se viu no centro de uma crise internacional que quase levou os EUA e a URSS a um conflito direto.

Fidel por muitos será lembrado como assassino, ditador e prepotente. Mandou fuzilar e prender inimigos políticos. Ele e seu irmão Raul são responsabilizados pela falta de liberdade de expressão no país. Muitos não sabem, mas Castro foi alvo de centenas de tentativas de assassinato planejados pela CIA. 

Fidel Castro: líder emblemático

Cuba, sob Castro teve avanços sociais inéditos para uma nação latino-americana na área da saúde e educação e esportes. Muitos se esquecem de conhecer o estado do povo cubano antes da revolução, pois dominados por uma classe política corrupta e títere dos EUA, os cubanos viviam em miséria constante.

O Regime Castrista matou? Sim. Porém menos que as bombas atômicas lançadas sobre o Japão em 1945. A Guerra do Vietnã fez mais de 50 mil norte-americanos perderem a vida em nome da "liberdade". E o que falar das ditaduras militares na América Latina, as quais apoiadas pelos EUA mataram, torturaram e cometeram atrocidades contra seu próprio povo?

Um dia Fidel escreveu que a história o absolveria. Pode ser que sim ou não. Isso depende do ângulo pelo qual observa sua obra política e revolucionária. Só não dá pra ser maniqueísta em História. Fica a dica...

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Trump e a democracia

Donald Trump será o 45º presidente dos Estados Unidos da América. O candidato fanfarrão e polêmico ganhou contrariando pesquisas de opinião e superando desconfianças dentro e fora dos EUA.

Para muitos ele é símbolo do self-made man (homem que faz a si próprio, ou seja, cresce por seus próprios méritos). Mas começou sua carreira empresarial com U$$ 1 milhão de presente do pai. Ele já declarou nunca ter fracassado, porém alguns dos seu negócios já faliram.

Artista de rua anuncia a vitória de Trump em Hong Kong

É muito cedo para arriscar sobre o futuro do governo Trump. Mas com certeza será uma gestão pragmática e de acordo com os anseios do seu eleitorado de perfil mais conservador. A história já nos ensina, que as crises econômicas podem levar ao poder personagens histriônicos e caricatos. A Alemanha deu ao mundo Hitler, o Brasil elegeu Jânio Quadros e Fernando Collor. 

Nesse contexto de debates, frustrações, medo e insegurança com a eleição de Trump, a imprensa estatal chinesa declarou que a eleição do novo presidente dos EUA "é o que acontece quando se tem democracia". Lógico que a cutucada é uma forma de exaltar o regime autoritário do gigante asiático.

Para Aristóteles, o grande filósofo grego, a democracia poderia facilmente se degenerar para a demagogia (termo de origem grega que significa "arte ou poder de conduzir o povo").

Mas pensando bem, em um mundo onde tudo é espetáculo e a figura do marketeiro na campanha política é mais importante do que um bom e viável plano de governo, milhões de eleitores (ou democracia de massas) tem sido vítimas fácil dos mais absurdos apelos dos demagógicos.

Fonte:

BOBBIO, Norberto. A Teoria das Formas de Governo; tradução Sérgio Bath. - Brasília: UnB, 1980

O Globo, domingo, 06 de novembro de 2016.

sábado, 5 de novembro de 2016

Padim Ciço - missionário, visionário e milionário

O padre Cícero Romão Batista (1844-1934) foi um grande líder político e religioso no Ceará. Acusado de promover falsos milagres foi excomungado pelo Vaticano. Mas fez da política seu novo sacerdócio.

Foi eleito prefeito, vice-governador e deputado federal. Liderou um exército de jagunços e cangaceiros e deu apoiou uma revolução armada que derrubou um governo constitucionalmente eleito. Concedeu a patente de capitão a Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, para que o cangaceiro enfrentasse a Coluna Prestes em sua passagem pelo Nordeste.

O jornalista Lira Neto conta todas essas histórias em seu livro Padre Cícero: poder, fé e guerra no sertão. A obra, como o próprio título indica é a biografia do "Padim Ciço" com detalhes da carreira religiosa e política do mito nordestino. 

Entre tantas informações, uma frase dita por um dos seus adversários é antológica. Segundo consta, Cícero "chegou ao Juazeiro missionário, tornou-se visionário e acabou milionário". Será que algum líder eclesiástico se enquadra nessa frase? Pensando bem, qualquer história de vida semelhante é só mera coincidência...


terça-feira, 1 de novembro de 2016

Brizola x Globo - o direito de resposta

Brizola fez história ao conseguir o direito de resposta contra o ofensivo editorial do O Globo. E o fez em horário nobre e no principal programa jornalístico da Rede Globo de Televisão, o Jornal Nacional. 

E mais: quando O Globo publicou seu famoso editorial em fevereiro de 1992, o JN reproduziu o texto à noite na voz de seu o decano apresentador, Cid Moreira. No dia 15 de março de 1994, Brizola teve o seu direito de resposta concedido e lido pelo mesmo Moreira. 

Escrito pelo assessor de imprensa do então governador do Rio de Janeiro, Fernando Brito, o texto foi descrito por Roberto Marinho como tendo o "tom de Brizola". Isso porque em suas memórias, o jornalista diz que "incorporava" o espírito do velho guerreiro.

Brizola: resposta lida por Cid Moreira

Para relembrar, segue abaixo a íntegra o direito de resposta lido por Cid Moreira no JN. As críticas de Brizola ainda são atuais quando se fala em Globo.

Todos sabem que eu, Leonel Brizola, só posso ocupar espaço na Globo quando amparado pela Justiça. Aqui citam o meu nome para ser intrigado, desmerecido e achincalhado perante o povo brasileiro. 

Quinta-feira, neste mesmo Jornal Nacional, a pretexto de citar editorial de ‘O Globo’, fui acusado na minha honra e, pior, apontado como alguém de mente senil. Ora, tenho 70 anos, 16 a menos que o meu difamador Roberto Marinho, que tem 86 anos. Se é esse o conceito que tem sobre os homens de cabelos brancos, que o use para si.

Não reconheço à Globo autoridade em matéria de liberdade de imprensa, e basta para isso olhar a sua longa e cordial convivência com os regimes autoritários e com a ditadura de 20 anos, que dominou o nosso país.

Todos sabem que critico há muito tempo a TV Globo, seu poder imperial e suas manipulações. Mas a ira da Globo, que se manifestou na quinta-feira, não tem nenhuma relação com posições éticas ou de princípios. É apenas o temor de perder o negócio bilionário, que para ela representa a transmissão do Carnaval.

Dinheiro, acima de tudo.

Em 83, quando construí a passarela, a Globo sabotou, boicotou, não quis transmitir e tentou inviabilizar de todas as formas o ponto alto do Carnaval carioca. Também aí não tem autoridade moral para questionar. E mais, reagi contra a Globo em defesa do Estado do Rio de Janeiro que por duas vezes, contra a vontade da Globo, elegeu-me como seu representante maior.

E isso é que não perdoarão nunca.

Até mesmo a pesquisa mostrada na quinta-feira revela como tudo na Globo é tendencioso e manipulado. Ninguém questiona o direito da Globo mostrar os problemas da cidade. Seria antes um dever para qualquer órgão de imprensa, dever que a Globo jamais cumpriu quando se encontravam no Palácio Guanabara governantes de sua predileção.

Quando ela diz que denuncia os maus administradores deveria dizer, sim, que ataca e tenta desmoralizar os homens públicos que não se vergam diante do seu poder.

Se eu tivesse as pretensões eleitoreiras, de que tentam me acusar, não estaria aqui lutando contra um gigante como a Rede Globo. Faço-o porque não cheguei aos 70 anos de idade para ser um acomodado.

Quando me insulta por nossas relações de cooperação administrativa com o governo federal, a Globo remorde-se de inveja e rancor e só vê nisso bajulação e servilismo. É compreensível: quem sempre viveu de concessões e favores do Poder Público não é capaz de ver nos outros senão os vícios que carrega em si mesma.

Que o povo brasileiro faça o seu julgamento e na sua consciência lúcida e honrada separe os que são dignos e coerentes daqueles que sempre foram servis, gananciosos e interesseiros.

Fonte:

http://www.tijolaco.com.br/blog/20-anos-do-dia-em-que-brizola-venceu-a-globo-o-milagre-em-que-nem-a-gente-acrediitava/

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

A Globo contra Brizola

Na últimas eleições para a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, os partidários do senador Marcelo Crivella reclamaram do tratamento que as Organizações Globo deram ao prefeito eleito. Para quem acompanha a história do grupo empresarial de mídia fundado por Roberto Marinho, os duelos contra determinados inimigos não chega a ser novidade.

Um dos políticos brasileiros que lutou tenazmente contra a Globo foi Leonel de Moura Brizola (1922-2004). Quando o gaúcho cumpria seu segundo mantado como governador do estado do Rio de Janeiro (1991-1995), tentou ferir os negócios da Globo.

Roberto Marinho x Leonel Brizola
Brizola, sentia-se perseguido pela cobertura desfavorável da empresa. Retaliou tentando impedir a emissora do Jardim Botânico de transmitir uma de suas principais atrações anuais: o carnaval carioca.

A resposta veio com força. O jornal O Globo, no dia 07 de fevereiro de 1992, trouxe um editorial demolidor contra o governador. Acusou-o de querer cercear "à liberdade de imprensa". Mais à frente o denominou de "grande demagogo" com discursos repletos de "mentiras e promessas vãs".

Mas o que mais feriu os brios do veterano politico foi a parte em que ele é chamado de senil. Afinal, assegurou o Globo, para além da demagogia e da "deprimente inaptidão administrativa", o "declínio da saúde mental pode acontecer em qualquer momento da vida".

Porém Leonel Brizola não se deixaria intimidar. Exigiu na justiça o direito de resposta. E quando ganhou, não deixou por menos...

Fonte:

O Globo, Para entender a fúria de Brizola (editorial), O País, p. 5, sexta-feira, 7 de fevereiro de 1992. 

sábado, 29 de outubro de 2016

Salvador Allende - o desafio das esquerdas

A histórica entrevista à revista O Cruzeiro do presidente eleito do Chile, Salvador Allende em 1970, revelou que as dificuldades de ontem dos governos de esquerda na América Latina, são as mesmas do século XXI.

Afirmou, que em seu governo haveria a "manutenção de todas as liberdades públicas, individual, de pensamento, de religião, de imprensa e qualquer outro meio de difusão". Também reiterou o seu repeito às normas democráticas.



Outro ponto de temor: o receio da mudança dos textos escolares "que se imporiam às escolas" e da implantação de normas socialistas e marxistas na educação. As expropriações também eram fator de medo. Allende explicou que só tocaria nos monopólios essenciais ao desenvolvimento da economia chilena.

O presidente reafirmou seu desejo de reatar as relações diplomáticas com Cuba e de não ser tutelado pela Organização dos Estados da América (OEA), a qual por pressão dos EUA em 1962, expulsou o país de Fidel Castro da organização continental.

É bom sempre lembrar: eram tempos de Guerra Fria e da bipolaridade entre os Estados Unidos e União Soviética. Por mais que Allende declarasse que o "socialismo não se impõe por decreto" e sim um processo econômico e social, a propaganda contra seu ideário político já estava massificada entre muitas classes sociais.

Porém, a história mostrou que após o 11 de setembro de 1973, foram os militares que governaram por decreto e impuseram ao país restrições às liberdades básicas de pensamento e política.

Economicamente, o Chile virou o primeiro laboratório das experiências neoliberais da América Latina. Nossos "hermanos" por causa do golpe, para o bem ou para o mal, foram pioneiros na inserção na economia de mercado "globalizada".

Fonte:

O Cruzeiro, ano XLII - nº 43/20 de outubro de 1970, p 124-128.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Salvador Allende - para onde vai o Chile

Em 1970, a equipe da revista O Cruzeiro foi até um simples chalé na Rua Guarda Vieja em Santiago, capital do Chile para entrevistar o recém-eleito presidente do país, Salvador Allende, "o homem mais discutido" na América Latina naquele momento.

Allende e esposa: expectativas e temores

A eleição de Allende havia surpreendido o mundo. "Pela primeira vez um candidato marxista chega ao poder através de eleições livres" - iniciava a matéria do extinto semanário. Fica claro também nas páginas de O Cruzeiro, os enormes impasses e desafios do experiente político chileno. Sem maioria no Congresso, o senador não poderia transigir com "a união dos partidos que o elegeu", uma coalização das esquerdas chamada Unidade Popular (UP).

Destacou-se na entrevista a participação da família Allende na campanha. A esposa e as três filhas participaram ativamente da campanha e ajudaram na conquista do voto feminino. O presidente eleito declarou que o Chile havia incorporado com rapidez "a mulher à vida pública". Prometia ele, que em seu governo, as mulheres alcançariam ampla igualdade de direitos.

Apesar do temores com as conhecidas opções políticas do presidente, Allende afirmou que o caminho para o socialismo no Chile seria "segundo as estritas regras democráticas". Mas para os conservadores, longe de ser um avanço, a vitória da UP era sinal de declínio da democracia chilena.

Em todos os momentos, o veterano político afirmou o respeito às liberdades constitucionais. Mas as tensões eram grandes. O mundo estava em plena Guerra Fria e os EUA estavam preocupados em impedir a posse do presidente antes dele assumir o cargo.

Para os Estados Unidos, não poderia haver possibilidade de um governo socialista, ainda que eleito democraticamente, na América Latina. Com o discurso de defesa da "liberdade", os norte-americanos apoiaram três anos depois um violento golpe militar no Chile.

Nem sempre o capitalismo combina com liberdades democráticas. Logo os chilenos saberiam disso. 

Fonte:

O Cruzeiro, ano XLII - nº 43/20 de outubro de 1970, p 124-127.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Marcelo Crivella - meu passado me condena

O senador Marcelo Crivella, candidato a prefeito da cidade do Rio de Janeiro teve um livro publicado no Brasil 2002, ressuscitado em plena campanha. A obra Evangelizando a África, é o relato dos 10 anos de trabalho missionário de Crivella em terras africanas.

No livro, Marcelo expõe sua visão dos males que assolam o continente. Miséria, doenças, homossexualidade seriam frutos do pecado e de espíritos malignos. O jornalista Fernando Molica, que assina a matéria para O Globo chega a ironizar: "A julgar pelos ensinamento de Crivella, governos poderiam investir bem menos em saúde se adotassem, de maneira preventiva, políticas públicas baseadas na expulsão de demônios do corpo dos cidadãos".


Em nota enviada ao jornal carioca, o nobre senador pede perdão pelas ofensas. Conta que escreveu o livro em um contexto de guerras, superstições e feitiçarias. Sua inexperiência e zelo foram os causadores dos ataques, que ele considerou "um lamentável erro". 

Assim, contraditoriamente, cada vez mais o político Crivella procura se afastar do bispo da Igreja Universal que ele foi um dia. E mais: renega os ensinamentos da denominação que alavancou sua carreira eclesiástica e política. O passado glorioso de missionário, hoje o atrapalha na esfera pública.

Porém, algo do livro pode ser relacionado ao Brasil. Em suas observações, Marcelo informa que o trabalho dos sacerdotes das religiões africanas "se tornou um grande negócio na África, porque é motivado pelo maldito amor ao dinheiro".

Sim, religião pode ser um grande empreendimento. O tio do senador e outros líderes religiosos sabem muito bem disso.

Fonte:

O Globo, 16 de outubro de 2016.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Roberto Carlos - do inferno ao céu

Há pouco mais de 50 anos, um jovem cabeludo causou furor entre a juventude brasileira na década de 1960. Roberto Carlos lançou em 1965, o hit Quero Que Vá Tudo Pro Inferno. Apesar do estrondoso sucesso, nem tudo foi um mar de rosas. Grande parte da sociedade conservadora resistiu. Rádios recusavam a tocar a música e a Igreja Católica se escandalizou com a canção. Era a perversão dos bons costumes. No ano seguinte, para amenizar os ânimos dos religiosos e compensar o "prejuízo espiritual", ele compôs Eu Te Darei o Céu.




Fonte: Roberto Carlos - Coleção Folha Explica - Oscar Pilagallo