sábado, 29 de outubro de 2016

Salvador Allende - o desafio das esquerdas

A histórica entrevista à revista O Cruzeiro do presidente eleito do Chile, Salvador Allende em 1970, revelou que as dificuldades de ontem dos governos de esquerda na América Latina, são as mesmas do século XXI.

Afirmou, que em seu governo haveria a "manutenção de todas as liberdades públicas, individual, de pensamento, de religião, de imprensa e qualquer outro meio de difusão". Também reiterou o seu repeito às normas democráticas.



Outro ponto de temor: o receio da mudança dos textos escolares "que se imporiam às escolas" e da implantação de normas socialistas e marxistas na educação. As expropriações também eram fator de medo. Allende explicou que só tocaria nos monopólios essenciais ao desenvolvimento da economia chilena.

O presidente reafirmou seu desejo de reatar as relações diplomáticas com Cuba e de não ser tutelado pela Organização dos Estados da América (OEA), a qual por pressão dos EUA em 1962, expulsou o país de Fidel Castro da organização continental.

É bom sempre lembrar: eram tempos de Guerra Fria e da bipolaridade entre os Estados Unidos e União Soviética. Por mais que Allende declarasse que o "socialismo não se impõe por decreto" e sim um processo econômico e social, a propaganda contra seu ideário político já estava massificada entre muitas classes sociais.

Porém, a história mostrou que após o 11 de setembro de 1973, foram os militares que governaram por decreto e impuseram ao país restrições às liberdades básicas de pensamento e política.

Economicamente, o Chile virou o primeiro laboratório das experiências neoliberais da América Latina. Nossos "hermanos" por causa do golpe, para o bem ou para o mal, foram pioneiros na inserção na economia de mercado "globalizada".

Fonte:

O Cruzeiro, ano XLII - nº 43/20 de outubro de 1970, p 124-128.

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