domingo, 4 de junho de 2017

50 anos depois

Há 50 anos, a foto de três paraquedistas chegando ao Muro das Lamentações, após a batalha por Jerusalém, tornou-se uma das principais imagens da guerra. No aniversário do conflito, Tzion Karasenti (à esquerda), Yitzhak Yifat (centro) e Chaim Oshri (direita) voltaram à Cidade Velha. Como na época nenhum havia estado no Muro das Lamentações, sob controle jordaniano desde 1948, não sabiam ao certo se tinham capturado o “Muro real”. “Todos falavam do ‘Kotel’, mas aquele dia foi o primeiro em que estivemos lá”, lembrou Oshri. Eles chegaram após 48 horas de combate e muitos começaram a chorar. Só ao fim da guerra descobriram que a imagem se tornara famosa. (Fonte: O Globo)


sexta-feira, 12 de maio de 2017

O dono da banca - biografia de Roberto Civita

Escrita pelo jornalista Carlos Maranhão, a biografia Roberto Civita: o dono da banca, é uma obra interessante para se conhecer um pouco mais dos bastidores da imprensa no Brasil. Principalmente a revista Veja, concebida por Roberto Civita, editor e presidente do Grupo Abril, falecido em 2013.

Uma das revelações do livro, foi a participação de Victor Civita, pai de Roberto, nas fileiras do fascismo. Justificou-se tal adesão ao pavor das ideologias comunistas que atormentavam a burguesia europeia no início do século XX. Essa informação sempre foi omitida por Victor em vida.

Segundo Maranhão, Bob tinha "convicções inabaláveis". Defendia o capitalismo, à democracia representativa, à liberdade de imprensa, o livre-comércio e o liberalismo econômico. Por sua vez, combatia "a presença do Estado na economia e na vida dos cidadãos". E mais: era contra qualquer tipo de censura ou regime autoritário. Socialismo, comunismo, a esquerda e o Partido dos Trabalhadores (PT), também estavam na lista dos indesejáveis do editor da Abril.


Se para bom entendedor meia palavra basta, a lista das convicções de Civita apontam claramente a linha editorial da sua criação maior: a revista Veja. Nela ele "brincava de Deus" e a fazia sua porta-voz. A linha editorial tinha que estar afinada com suas ideias. A publicação deveria influenciar os destinos da política e da economia.

A leitura do livro em si é valiosa para perceber, que o discurso de jornalismo "imparcial", "objetivo" e em busca da "verdade" é pura retórica. A liberdade de escrita e opinião nos meios jornalísticos é delimitada pelo dono da empresa.

Segundo o autor, Civita fez da Veja sua trincheira contra o governo do PT. Em compensação, venerava Fernando Henrique Cardoso, "o seu candidato". Vetou uma matéria sobre o banqueiro Joseph Safra para não desagradá-lo, pois a Abril tinha no Banco Safra um dos seus principais credores.

Em suma: Veja era a "imagem e semelhança" do seu criador. E há quem acredite piamente em plena isenção da semanal...

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Kotscho - Do Golpe ao Planalto

Jornalista, assessor de imprensa e amigo pessoal de Luiz Inácio Lula da Silva nas campanhas de 1989, 1994 e 2002, Ricardo Kotscho registrou os principais momentos das disputas eleitorais em seu livro Do golpe ao Planalto: uma vida de repórter (Companhia das Letras, 2006).

Posteriormente com a vitória de Lula, Kotscho tornou-se secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República. Deixou o governo em 2004 e assistiu de longe à crise política gerada pelas denúncias sobre o "Mensalão".


Repórter experiente e com passagem pelos principais jornais do país, Ricardo conta um pouco do cotidiano da profissão que abraçou no ano do golpe militar em 1964. Empresas de mídia e seus proprietários, bem como os jornalistas com quem conviveu, são descritos nas páginas de sua autobiografia.

Interessante mesmo, é quando Kotscho descreve as versões que os grandes jornais e revistas davam sobre Lula em campanha ou já no exercício dos primeiros anos de mandato (tempo da participação do autor no governo).

Segue abaixo alguns trechos do livro. Obviamente Lula não é o único político a sofrer com isso, mas é importante perceber que a mídia sempre teve má vontade com o petista e seu governo. Algo que ainda se perpetua, mesmo com ele fora do poder.

Nada havia mudado na campanha nem no discurso do candidato, que era o mesmo desde o final de 1988, quando comecei a acompanhar Lula. Ele falava em moto-contínuo, como se fosse um realejo. Ainda assim, analistas e colunistas badalados atribuíram o crescimento nas pesquisas a uma "radicalização" no seu discurso ou à ajuda dos padres no Nordeste. (Kotscho informa como o noticiário pode ser adjetivado para ajudar ou prejudicar alguém - campanha de 1989).

Na noite da chegada de [Mário] Rosa a Vitória da Conquista, na Bahia, o deputado Jaques Wagner (PT-BA) esperava na fila para usar o telefone da portaria do hotel e ouviu uma conversa do enviado especial com algum de seus superiores, na qual ele relatava as dificuldades encontradas para ridicularizar a viagem de Lula mas dizia que mais adiante conseguiria fazê-lo, conforme a pauta. (Repórter da revista Veja com a pauta pronta e objetivos delimitados: desmoralizar Lula - campanha de 1994).

Escrever sobre gafes de Lula passara a ser uma pauta fixa para alguns jornalistas, pouco importando se haviam sido cometidas ou não... "O grave é que a generosa quantidade de detalhes oferecida pelos repórteres na descrição de uma cena que presenciaram pode transformar um fato que não aconteceu em registro histórico...". (Observação de assessor sobre o comportamento da imprensa em relação ao presidente e parte da nota de Ricardo a uma suposta gafe de Lula em viagem ao Oriente Médio - 2003).